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Senhor Augustin


A velhice é uma fase de nossas vidas que talvez possa nos preocupar. Como será que vamos ser tratados? Qual será o tipo de olhar que nos será lançado? Ou ainda, com quais amigos de verdade poderemos contar? Ingo Schulze é um autor alemão que retrata a solidão da velhice e a forma condenável com que os idosos são tratados, principalmente pelos mais jovens. Com a tradução de Irene Fehrmann e as ilustrações de Julia Penndorf, também alemã, que recebeu por este livro o prêmio de "Mais belo livro alemão de 2008, "Senhor Augutin" editado pela Cosacnaify vem nos inquietar e nos emocionar com a história desse senhor que é tão simpático mas que pode esconder atitudes impulsivas por trás de sua solidão.

Todos os dias o senhor Augustin sai de casa e observa a rotina das pessoas quase sempre apressadas, algumas o cumprimentam e ele gentilmente ergue seu chapéu. Às vezes, perde seu guarda chuva que tanto gosta ou troca os sapatos e as meias usando uma diferente em cada pé.


Começam a debochar do solitário senhor, que na tentativa de defesa, lança uma pedra em direção às crianças que se revelam maldosas, acertando assim uma garota. Arrepende-se, mas em outro momento de menosprezo comete o mesmo erro.


A grande tristeza que acompanhava o senhor o faz atravessar a rua distraído e mesmo sendo vítima de uma acidente, o senhor Augustin não deixa de admirar a beleza das coisas lindas da vida, como é lindo um céu azul. Diante dos fatos, começa uma amizade que a princípio não seria possível. Mas como diz o senhor Augustin "às vezes, também recebemos algo mesmo antes de desejá-lo". Uma história que fala de solidão, mas também de encontros e compreensão.


Senhor Augustin deixou-me a refletir. A princípio a atitude do senhor me afligiu um pouco, mas ao continuar a leitura fui conhecendo, fui compreendendo e até me projetei em seu lugar, e a essa troca de lugares e ao novo olhar agradecemos ao poder da leitura. Encontrei nesta linda narrativa um enredo cheio de surpresas, fatos que acontecem sem que possamos imaginar ser possível, mas que são tão gostosas de acompanhar e que nos remetem a todo momento o quanto mudamos quando temos a oportunidade de conhecer a história do outro. O abandono, a solidão e a incompreensão que inicialmente nos são apresentadas, aos poucos vão dando lugar ao envolvimento e à consciência. A temática sobre o respeito aos idosos e aos seus preciosos saberes são aqui muito bem representados também nas ilustrações, que em algumas imagens podem parecer colagens de papel. Além disso, as mesmas podem dialogar com o texto e em outras vezes têm uma voz própria, como quando o senhor Augustin é representado por um caracol quando alguém julga que ele não deveria sair de casa de jeito nenhum ( aqui mais um dos momentos que nos aperta o coração) ou quando as crianças são representadas com chifres.


O livro vem com uma pequena carta do autor que revela perder as coisas que gosta, mas diz sempre conseguir reencontrá-las, assim nascendo essa personagem tão cativante.

A partir daqui deixo o convite para descobrir o que acontece com o senhor Augustin, só revelo que irá descobrir que você pode ser o caminho de alguém, então, "prazer em vê-lo".





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